domingo, 29 de dezembro de 2019

DIEGO EL KHOURI E O LABIRÍNTICO OFÍCIO DAS ARTES

Por: Diego El Khouri 



Desde muito cedo percebi que meu caminho é o labiríntico  ofício  das artes. Meu primeiro romance escrevi aos 8 anos de idade e nunca  mais parei. Tudo que fiz foi para eu tivesse  mais ferramentas de produção.  Li vorazmente tudo que me chegava  pelas mãos (tive a sorte de possuir uma biblioteca  em casa) e aos 14 anos, depois de ter lido tudo que tinha em meu lar, passei a pegar livros na biblioteca da cidade e copiar à mão para que eu tivesse a possibilidade  de estudar, estudar  e estudar cada detalhe afim de desenvolver e aprimorar as ferramentas  de criação. Nessa fase eu já lia literatura  hermética  e mergulhava  profundamente  nos clássicos.  Fazia listas de livros e  ia atrás das  obras.  Isso antes do advento da  internet (pelo menos para mim). Mas não  fiquei apenas no campo  da  busca do aprimoramento intelectual.  Também  caí  na vida. Aquela máxima piviana, "o poeta tem que cair na vida / deixar de ser broxa / pra ser bruxo". Costumo  dizer  que Baudelaire acendeu meu primeiro  baseado. Passei pelo estilo punk "do it yourself" e pelas transgressões existenciais. Mergulho,  portanto,  em um paradoxo entre disciplina e loucura, lucidez e delírio. Emergi do seio  das artes e fiz da minha vida uma jornada inimitável.  Transformei as flores silvestres em "clísteres de êxtase " e meu olhar em torrentes intensas de poesia e vertigem. E vivi (e vivo) uma existência  com características surreais. Minha arte me possibilitou  conhecer pessoas interessantes e experimentar situações que uma pessoa dita "normal" jamais viveria. Um dos grandes males do sistema é indução  de sentimentos de superioridade  e inferioridade. Devemos cortar esses tentáculos de manipulação. Porém,  tenho convicção que sou  uma lenda do underground.  Atravesso e implodo as estruturas. Não  sou um artista  relegado apenas  aos subsolos.  Transito  em várias  paragens e contribui,  de forma  muito  intensa,  com  as artes do  país.  Se você,  tiozinho  e tiazinha, senhorsinho e senhorinha  da academia,  críticos  de arte, curadores com suas barbas espessas e olhar apático,  galeristas com seus castelos  de marfim, não conhecem  meu trabalho  (e nem estou falando  em gostar ou não), é porque não  mais transitam com os pés  no chão  da contemporaneidade (ironia  isso em se tratando em "espaços  de conhecimento") e se perderam  na rota da vida. O poeta Rimbaud já dizia  que  "é  preciso ser absolutamente  moderno" . Acredito  que ser vanguarda é estar  junto ou a frente dos fatos. Tenho plena consciência  que minha história  de vida tem traços  marcantes  de surrealismo  devido as situações fantásticas que desenhei ao longo  de minha existência.  Muitas pessoas se surpreendem, quando  conhecem  ou presenciam algum fato  da minha vida, e sei que tenho um impulso  forte do diferente, do estranho,   o "olhar não  familiar " que Freud falava. Sei também que tudo que fiz na vida, desde os 6 anos de idade, foi, e repito, para que eu tivesse ferramentas que me tornasse um artista profundo,  complexo,  potente.  É uma busca eterna e o grande barato  é curtir  a estrada e não  simplesmente "o fim" dela.




* Na foto com 7 anos de idade  

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