domingo, 29 de dezembro de 2019

OUTSIDER DA GALÁXIA DE PARNASO

Por: Diego El Khouri 


Minha prepotência tem ingredientes  de poesia e empoderamento existencial. Tenho sim uma história  de vida incrível,  inimitável, surreal. Atravessei  portas e fronteiras e incomodei os mais desavisados e caretas com minha postura de vida e ousadia  intelectual.  Mas no mais sou abismo. Invólucro manto de um mistério  que não  se cala, apenas grita  no vácuo sem as grades, sem afago e abraço.  Outsider da galáxia de parnaso. Filho da puta sem ordens e regras.  Face torta no torto âmago  da morte. Penetrar, rasgar, cortar, atravessar  a tela, pincéis  de fogo  e cores quentes múltiplas.  Abismo não  se cala. Ruínas dançam  voluptuosa  no cu das atmosferas  falidas. A vidinha comum  me persegue.  Sigo reto louco nas curvaturas  sinuosas  das estradas  do êxtase.  Sou uma lenda. E lendas não  tem alma. Lendas não  carecem de respeito  e afeto. Lendas apenas vomitam e nada esperam desse vômito sujo e apaixonado. Sou o energúmeno idiota burro ou o gênio iluminado e santo? Apenas ruínas.  Ruínas  cristalinas esfumaçadas, cannabis, "delirium tremens", eletricidade bandida... Sem  presente e futuro: o abismo... grades trancafiadas, bebê  enrolado em pano sujo de sangue, todo bebê  agonizante é minha face nua no espelho, todo bebê é a infância  da poesia ainda  idílica  e ingênua... a poesia, essa merda translúcida e lúdica,  criminosa, "acendeu velas no meu crânio". A poesia me fez inimigo do estado, execrado das famílias tradicionais e um "perdulário  do caos esbanjador de palavras  preciosas". A poesia me fez querer  beber o líquido  do Dharma. Sim. Sou uma lenda. E lendas não  carecem  de mais nada.

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